Ativação de Receptores GluN2A são essenciais para a neuroproteção induzida pela inibição de GlyT1
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás investigaram a inibição do transportador de glicina tipo 1 (GlyT1) como uma abordagem terapêutica para o tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI). Utilizando o modelo de oclusão permanente da artéria cerebral média (MCAO), o estudo avaliou o potencial do NFPS, um inibidor de GlyT1, para oferecer proteção cerebral de forma eficaz.
Figura 1. A imagem mostra cortes do cérebro de camundongos que passaram por um experimento de AVC, onde diferentes doses do composto NFPS foram testadas para avaliar seu efeito protetor. Em comparação com o grupo que sofreu AVC sem tratamento, os animais tratados com NFPS apresentam menor área de dano cerebral e melhora em testes motores, como o uso das patas e a resposta motora. Esses achados sugerem que o NFPS pode reduzir o dano cerebral e melhorar a recuperação funcional após um AVC.
Os resultados indicaram que o NFPS reduziu o tamanho do infarto cerebral e melhorou as funções motoras de maneira dose-dependente. O mecanismo de ação identificado envolve o aumento da glicina no espaço sináptico, ativando receptores NMDA, que promovem a plasticidade sináptica e a sobrevivência neuronal, principalmente através da subunidade GluN2A.
A inovação deste trabalho está no foco na subunidade GluN2A, em contraste com estudos anteriores que associavam a inibição de GlyT1 principalmente à redução da atividade dos receptores GluN2B, ligados à excitotoxicidade. O presente estudo revela que o GlyT1 não apenas atenua os efeitos prejudiciais da excitotoxicidade, mas também estimula diretamente vias de sinalização de sobrevivência. Essa mudança de perspectiva abre caminho para terapias mais seletivas, priorizando o fortalecimento das vias de sobrevivência celular ao invés de apenas minimizar o dano.
As perspectivas futuras incluem o refinamento dessa abordagem para aumentar a eficácia terapêutica e explorar sua aplicação em outras condições em que a excitotoxicidade e o desequilíbrio de subunidades de receptores NMDA estejam presentes. O estudo também propõe expandir a investigação para compreender melhor como a inibição de GlyT1 pode ser ajustada para otimizar a ativação das vias de neuroproteção.
Ao aplicar essas descobertas ao tratamento de AVCI, a expectativa é que essa linha de pesquisa possa resultar em terapias mais seletivas e eficazes, aumentando a recuperação funcional dos pacientes e reduzindo as sequelas. Com isso, o estudo oferece uma nova abordagem com potencial para impactar positivamente a vida de milhares de pessoas afetadas pelo AVCI.